Localizada no coração da região da Borgonha, Dijon é muito mais do que apenas a antiga capital dos duques da Borgonha ou o berço da mundialmente famosa mostarda. Com suas ruas de paralelepípedos, arquitetura medieval preservada, rica cena cultural e uma das gastronomias mais celebradas da França, a cidade convida o visitante a mergulhar na história e na arte de viver francesa.
Dijon floresceu na Idade Média como sede dos poderosos Duques da Borgonha, que transformaram a cidade em um dos centros culturais e econômicos mais importantes da Europa entre os séculos XIV e XV. A influência desses tempos áureos ainda é visível no esplendor arquitetônico da cidade, especialmente no Palais des Ducs de Bourgogne, hoje sede do belíssimo Museu de Belas Artes de Dijon, com entrada gratuita e um dos mais ricos acervos regionais do país.
Outros marcos históricos imperdíveis incluem a Igreja de Notre-Dame de Dijon, com sua icônica coruja da sorte esculpida em pedra (diz a lenda que quem a toca com a mão esquerda realiza um desejo), e a Catedral de Saint-Bénigne, uma impressionante construção gótica com cripta do século XI.
Atrações turísticas imperdíveis
Dijon é uma cidade vibrante onde cada rua parece contar uma história. O centro histórico, reconhecido como “secteur sauvegardé” (área protegida), é um dos mais preservados da França.
Palais des Ducs de Bourgogne (Palácio dos Duques da Borgonha)
Antiga sede dos poderosos Duques da Borgonha, com partes datando do século XIV. Hoje abriga a Prefeitura e o Museu de Belas Artes, um dos mais antigos da França. A arquitetura mistura estilos gótico, renascentista e clássico.
Não deixe de subir a Torre Philippe le Bon, com 46 metros de altura e 316 degraus oferece uma vista panorâmica de 360º sobre a cidade e vinhedos ao redor. A visita ao museu é gratuita e inclui obras de arte desde a Antiguidade até o século XX.
Église Notre-Dame de Dijon (Igreja de Nossa Senhora)
É no estilo gótico borgonhês, construída no século XIII. A fachada tem três níveis de gárgulas, e um relógio com autômatos medievais (jacquemarts), que tocam os sinos desde o século XIV.
A famosa coruja de pedra, símbolo da cidade, está esculpida em um dos muros laterais. Diz a lenda que deve-se tocar com a mão esquerda e fazer um pedido.
Musée des Beaux-Arts de Dijon (Museu de Belas Artes)
Localizado dentro do Palácio dos Duques. Reúne obras de arte europeia dos séculos XV ao XX, incluindo peças flamengas, italianas e francesas.
Entre os destaques, os Túmulos dos Duques da Borgonha — obras-primas da escultura medieval — e pinturas de Delacroix, Monet, e Géricault.
Cathédrale Saint-Bénigne de Dijon
Em estilo gótico, com elementos românicos. É a catedral principal da cidade, construída sobre a tumba de São Benigno, mártir cristão do século II. Sua cripta do século XI é uma das mais antigas da França, preservando a aura espiritual da Borgonha antiga.
Musée de la Vie Bourguignonne & Musée d’Art Sacré
Instalados em um antigo convento das Bernardinas. O Musée de la Vie Bourguignonne mostra o cotidiano dos habitantes da Borgonha entre os séculos XVIII e XX com objetos, roupas e cenários da vida rural e urbana. Já o Musée d’Art Sacré abriga uma coleção de arte religiosa — esculturas, relíquias e vestimentas litúrgicas da região.
Jardin Darcy (Jardim Darcy)
Jardim francês do século XIX. Tem o famoso urso branco esculpido por François Pompon, lagos ornamentais, coretos e escadarias. É perfeito para um descanso entre passeios, especialmente ao entardecer.
Lac Kir (Lago Kir)
Lago artificial nos arredores de Dijon, ideal para lazer ao ar livre. Bom para fazer caminhadas, ciclismo, natação (verão), piqueniques. Pode-se chegar em 15 minutos de bicicleta ou em ônibus urbano (linha L5).
Parcours de la Chouette (Trilha da Coruja)
Um passeio autoguiado por 22 pontos turísticos da cidade, sinalizados com pequenas corujas de bronze no chão. Ideal para quem deseja conhecer Dijon de forma prática e envolvente.
Mercado Les Halles
Obra de Gustave Eiffel, esse mercado coberto é o paraíso dos amantes da gastronomia, com produtos frescos, vinhos e especialidades locais.
Cidade Internacional da Gastronomia e do Vinho
Inaugurada em 2022, a Cidade Internacional da Gastronomia e do Vinho é hoje um dos grandes atrativos de Dijon. Localizada no antigo hospital da cidade, o espaço foi totalmente restaurado e transformado em um centro cultural e turístico dedicado ao vinho da Borgonha e à tradição gastronômica francesa.
O visitante encontra exposições interativas, uma filial da École Ferrandi (escola de culinária de prestígio), lojas de produtos regionais, padarias, chocolaterias, restaurantes, além da impressionante Cave de la Cité, uma adega futurista com mais de 3 mil vinhos para degustação, muitos deles servidos em doses.
Além disso, é possível participar de aulas de culinária, degustações comentadas e percursos educativos sobre o patrimônio vitivinícola da Borgonha, classificado pela UNESCO. O espaço combina história, cultura e experiências práticas, sendo ideal para quem deseja mergulhar no universo da enogastronomia francesa. Fica no 12, Parvis de l’Unesco.
Igreja de Saint-Michel
É uma das construções religiosas mais marcantes da cidade. Erguida entre o final do século XV e o início do século XVI, ela chama a atenção pela mistura de estilos arquitetônicos: a fachada é um exemplo notável da transição entre o gótico flamboyant e o renascimento, com esculturas ricas e detalhadas.
Como chegar em Dijon
Para chegar a Dijon, suas opções variam conforme o ponto de partida. Aqui estão as principais rotas a partir de cidades mais comuns de chegada à Europa:
A partir de Paris
Dijon está a cerca de 300 km de Paris, e a forma mais prática e rápida é de trem:
Trem (TGV)
• De onde: Gare de Lyon (Paris)
• Para onde: Gare de Dijon-Ville
• Duração: Aproximadamente 1h35 a 2h
• Frequência: Vários trens por dia
• Site para compra: oui.sncf
Carro
• Duração: Cerca de 3h a 3h30
• Via A6 e A38 (autoestradas)
Ônibus
• Empresas como Flixbus e BlaBlaCar Bus
• Mais barato, mas mais demorado (4 a 6 horas)
Outras conexões ferroviárias úteis
• De Lyon: Trem direto – cerca de 2h
• De Genebra (Suíça): Trem via Lausanne ou via Lyon – entre 3h30 a 4h30
• De Estrasburgo: Trem direto – cerca de 2h
Onde Ficar
Dijon oferece acomodações para todos os gostos e bolsos. Para uma experiência charmosa no centro histórico:
Maison Philippe Le Bon: Hotel boutique localizado em um edifício do século XVII, com ótimo restaurante.
Vertigo Hôtel: Moderno e elegante, membro da rede Design Hotels, com spa e localização central.
Hôtel des Ducs: Opção acessível e confortável ao lado do Palácio dos Duques.
Gastronomia: Uma Festa para o Paladar
Dijon é o coração da cozinha borgonhesa, famosa por pratos como boeuf bourguignon, coq au vin e escargots. Para quem quer explorar a alta gastronomia, a cidade tem vários restaurantes estrelados do Guia Michelin. Veja alguns bons restaurantes da cidade:
Maison Millière: Restaurante típico em uma construção medieval, com pratos tradicionais e atmosfera encantadora.
DZ’envies: Cozinha contemporânea com produtos locais, ideal para quem busca inovação.
Le Pré aux Clercs: Oferece pratos criativos e serviço impecável.
Bistrot des Halles: Popular entre locais, excelente para provar pratos regionais.
Não deixe de experimentar os vinhos da Côte de Nuits, como um pinot noir encorpado, ou um kir, coquetel local feito com licor de cassis e vinho branco.
Dicas de turismo
• City Pass Dijon: Oferece entrada gratuita em museus e descontos em atrações e lojas.
• Visite durante o outono, quando as vinhas da região ficam douradas e a cidade menos cheia.
• Aproveite o bonde turístico para conhecer os principais pontos em pouco tempo.
Explorando os Arredores: Vinhos, Vilarejos e Patrimônio
Dijon é também um excelente ponto de partida para conhecer as joias da Borgonha. Veja onde ir — e como chegar:
Capital do vinho da Borgonha, com as impressionantes Hospices de Beaune, caves históricas e restaurantes estrelados.
Como chegar: Trem direto da estação de Dijon-Ville para Beaune (viagem de 20 a 40 minutos, trens frequentes). De carro, o trajeto leva cerca de 40 minutos pela A31.
Route des Grands Crus
Uma das rotas vinícolas mais famosas da França, passando por vilarejos como Gevrey-Chambertin, Vosne-Romanée e Nuits-Saint-Georges.
Como chegar: Ideal de carro ou bicicleta. Há aluguel de bicicletas e tours organizados com degustações. Para quem não dirige, algumas empresas oferecem excursões guiadas saindo de Dijon.
Abbaye de Fontenay (1h20 de Dijon)
Patrimônio Mundial da UNESCO, este mosteiro cisterciense do século XII é uma maravilha arquitetônica em meio à natureza.
Como chegar: Melhor acesso de carro. Também é possível ir de trem até Montbard (35 min), e depois táxi (15 min até a abadia).
Château du Clos de Vougeot (30 min)
Castelo histórico cercado por vinhedos, símbolo da tradição vinícola borgonhesa.
Como chegar: De carro pela D974 ou com excursão organizada. Também é possível ir de trem até Nuits-Saint-Georges e pegar um táxi até o castelo (cerca de 7 km).
Semur-en-Auxois (1h15)
Vila medieval fortificada com ruas de pedra, torres e muralhas, ideal para um bate-volta encantador.
Como chegar: De carro, ou trem até Montbard e depois ônibus ou táxi. O trajeto é mais conveniente para quem está motorizado.
Com seu charme medieval, tradição vinícola, excelente gastronomia e fácil acesso a pontos turísticos de tirar o fôlego, Dijon é a porta de entrada perfeita para a Borgonha. Seja você um amante da arte, da história ou da boa mesa, essa cidade francesa oferece uma experiência autêntica e memorável — e ainda permite explorar uma das regiões mais belas da França com praticidade.
