Domingo em Manaus: nostalgia, sol e novos atrativos
Manaus tem domingos que parecem obra de arte. O sol bate forte, a brisa do rio Negro refresca, e a cidade se abre como cenário perfeito para um passeio. O calçadão da Ponta Negra, o Largo de São Sebastião, o Teatro Amazonas e as ruas do Centro Histórico mostram que a capital amazonense, entre memórias e novidades, continua sendo um convite para viver intensamente cada estação.
O Domingo de Manaus continua lindo, como na praia/ calçadão da Ponta Negra (foto), mas vale a pena relembrar o que se tornou apenas lembrança
O que antes era celebrado em versos hoje pode ser visto de novas formas. A cidade mudou, reinventou-se, mas segue vibrante — e, talvez por isso, a canção “Domingo de Manaus”, do sambista parintinense Chico da Silva, permanece atual como trilha sonora de quem redescobre a cidade.
A letra de “Domingo de Manaus”
É um domingo de verão
Estou pensando em me banhar na Ponta Negra
Se não puder eu posso dar uma chegadinha no famoso Tarumã
Visito o Parque 10 e vou chegando até a Ponte da Bolívia
Menina quando eu entro nessa onda esqueço até do amanhã
Do Rio Negro de barquinho vou curtindo
O panorama da cidade
Areia branca e água preta é alvinegra
Dessas cores eu sou fã
Resolvi falar
Pra quem não visitou e conheceu Manaus
Tô dando a dica te resolve logo
Que tua alma vai sair do caos (bis)
A Zona Franca colorida e tentadora
Vai prender o forasteiro
Mas não esqueça de comprar a tua cuia
Pra tomar um tacacá
Convida a morena cor de jambo
Do sorriso mais brejeiro
Cuidado meu amigo, muita calma
Vai com jeito, devagar
Pela estrada colorida,
Pelas flores meu amor vai me levando
No Vivaldão eu vou pegar um futebol
E meu domingo completar
Resolvi falar
Pra quem não visitou e conheceu Manaus
Tô dando a dica te resolve logo
Que tua alma vai sair do caos (bis)
A cidade que mudou
Das paisagens cantadas na letra, restam vivas a praia da Ponta Negra, o tacacá nas cuias fumegantes, as flores tropicais e o rio Negro, sempre majestoso.
Outros símbolos, no entanto, ficaram no passado:
O Vivaldão foi demolido para dar lugar à moderna Arena da Amazônia.
O Parque 10, famoso pelo igarapé de águas frias, hoje é lembrado apenas pelo igarapé do Mindu, um dos mais poluídos da cidade.
A Ponte da Bolívia desapareceu sob o peso da lixeira do km 19 da AM-010, um passivo ambiental que se tornou símbolo de descaso.
A “Zona Franca colorida” do comércio de importados no Centro deixou de existir antes dos anos 2000, quando Manaus era vitrine de novidades eletrônicas no Brasil.
Mesmo assim, a capital nunca perdeu o brilho. Aos domingos, ela se reinventa.
Os domingos de hoje
Ponta Negra continua sendo o grande ponto de encontro, com a praia urbana que se tornou cartão-postal. Aos domingos, parte da Avenida Coronel Teixeira se transforma em espaço exclusivo para pedestres e ciclistas.
A avenida Getúlio Vargas, fechada para carros entre Leonardo Malcher e Sete de Setembro, é a novidade: uma “faixa liberada” que virou sucesso de público, devolvendo o Centro às pessoas.
O Centro Histórico, por sua vez, segue irresistível. Caminhar pelas ruas, observar casarões, visitar o Teatro Amazonas e descansar no Largo de São Sebastião é como mergulhar em uma Belle Époque tropical, onde cafés charmosos se multiplicaram e hoje ditam moda na cidade.
Os cafés proliferam na cidade, charmosos e típicos como o Angatu, na rua Monsenhor Coutinho, no Centro
Novos atrativos
Manaus também se modernizou e ganhou símbolos que redesenham sua paisagem urbana:
O Mirante Lúcia Almeida, à beira do rio Negro, tornou-se ponto de contemplação e encontro, com vista privilegiada do pôr do sol sobre as águas escuras.
Em breve, será inaugurado o Mirante Encontro das Águas – Rosa Almeida, único monumento do Norte idealizado por Oscar Niemeyer, debruçado sobre a fusão dos rios Negro e Solimões. Um marco arquitetônico e turístico que promete transformar ainda mais a relação da cidade com seu rio.
O boom dos cafés consolidou-se: das esquinas do Centro aos bairros mais jovens, cafeterias se tornaram espaços de convivência, cultura e sabores que dialogam com a tradição amazônica, seja num expresso encorpado ou em criações com açaí, cupuaçu e castanha-do-pará.
Manaus, sempre linda
Se antes Chico da Silva recomendava à sua maneira que se conhecesse a cidade para que “a alma saísse do caos”, hoje o conselho permanece. O domingo em Manaus é feito de rio, sol, música, sabores e encontros. Entre nostalgia e novidade, a capital amazonense se reafirma como cidade única: guardiã da floresta e vitrine da modernidade, um destino que encanta quem nela vive e quem dela se aproxima.